martes, 21 de septiembre de 2010

NATAL: O PORCO

Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Aldéia Urbana Terena 'Agua Bonita'
Brasil, 25 de Dezembro de 2009



Acordei cedo. Saí, com a câmera na mão, pro quintal.
A manhã era tranquila. Era quase 10:00 horas, e todo mundo continuava dormindo em casa do Cacique.
Aproveitei a tranquilidade para tirar algumas fotos, e para pensar no cotidiano.

Um conhecido passou pela frente da casa e me cumprimentou. Ele estava acompanhado por um senhor de barba branca. Ambos ficaram conversando, e se aproximaram. O homem de barba branca se presentou como o senhor Egídio.
Egídio me disse que ele tinha conhecido Bolívia, e também que tinha conversado com o Evo, presidente do meu país.

Egídio Brunetto faz parte do Movimento dos Trabalhadores sem Terra da América Latina.
Após a conversa, convidou-me para almoçar em casa dos amigos dele. Estavam fazendo um churrasco, comemorando o aniversário duma criança.
A verdade, eu tinha ficado com vontade de beber vinho desde a noite passada, assim que como já quase era meio dia, e ainda todos estavam dormindo, aprontei minha Canon com uma lente 28-70 mm e foi apenas andar em volta a casa do Cacique, para achar os vizinhos que já estavam aprontando o que iria ser uma grão festa.


Os donos de casa, e Egídio, de boné preto...

Cheguei e procurei o Egídio, (de boné preto, na foto acima), que veio a me-receber e presentar à familia. Ele disse-me que estavam celebrando o primeiro aniversário do filho dum amigo dele.
Me levou até a churrasqueira onde estava o pessoal mais animado, os mais novos bebendo cerveja.


Rogério (amarelo) e os amigos brasileiros

Havía muita carne pronta na mesa, eles me mandaram pegar um garfo e comer a vontade. Me deram um copo com cerveja, e um deles, apontando para a churrasqueira me disse: Você já tirou foto do nosso convidado especial?

Eu não tinha visto jamáis algo tão lindo, tão raro, tão bizarro, tão legal.


A cabeça de um dos dois porcos que os meus amigos assaram aquele dia...

Acima da churrasqueira,um porco assado me olhava (foto do encabeçado), . Tipo assim, como esses de desenho. Meio sorridente, meio macabro.

Aliás, eram dois porcos inteiros, mas um deles já quase havia sido comido.


O porco esticadinho, pronto para ser devorado pela faminta turma...

Uma mão amiga encheu meu copo com cerveja.
Foi uma bela festa.

Percebi com muito interés que entre os convidados haviam várias freiras.
Não beberam cerveja, lógicamente. Fui conversar com elas e fiquei surpreso: uma delas era colombiana, e a outra era do Ecuador.
A conversa começou em portugués. Logo que ficamos sabendo as nossas nacionalidades, conversamos em espanhol, mas, não sei porque, acabamos conversando em português.


'Las hermanas', as freiras colombianas e ecuatorianas...

A primeira caixa de cerveja acabou. Trouxeram mais.
Aqueles amigos me contaram que a noite passada ficaram acordados, comendo e bebendo.
Conversamos sobre fútebol, costumens dos nossos paises. Conversamos sobre mulheres e sobre cervejas. Os garotos enchiam meu copo, faziam piadas, me pediam que tirasse fotos das meninas que estavam na festa. Elas ficavam tímidas e fugiam da onipotência da minha lente.


Logo, logo, os meninos trouxeram mais uma caixa de cerveja geladinha...


Apareceu o aniversariante, um menino bonitinho, de um ano de idade. Com ele apareceram os balões, o bolo e mais convidados.


Aquela menina era gente boa e muito timida...

Tiramos uma foto familiar. Eram quase 40 pessoas, ou mais.
Cantamos o parabéns pra você, comimos bolo. E a carne da churrasqueira... a falta de quem quisesse comé-la, os homens famintos do fundo dimos fim com ela.


Satisfeitos...

Os convivas foram indo embora. Em menos de meia hora o local estava quase deserto.
Mas eu não queria ir embora. Não porque tenha estado bêbado, ou porque tivera fome ainda.
Achei legal aquele Natal com tantas pessoas, dois porcos assados, meninas timidas e cerveja fria.
Achei legal ter conhecido o Egídio, e todas aquelas pessoas, também. Achei legal me ver, sendo um completo desconhecido, compartilhando um Natal com 40 pessoas que eu também não conhecia.


O autor (vermelho), Rogério (amarelo), e os familiares dele

Conversando -eu com meu portugês muito ruim, mas mesmo assim-, em outra língua, que não era a minha.
Rindo com outras piadas. Olhando para outras meninas.

Interessante que um dia antes estava vivendo outra realidade naquela mesma aldeia. O Papai Noel magro e de bom coração.
Natal é assim mesmo. Une e reúne as pessoas. As famílias, os amigos. Os desconhecidos como eu, com novos amigos. Com pessoas simples e felizes.

Achei prudente continuar em outro lugar o meu solilóquio, me despedi. E pensando em aquelas questões, rodeei a casa, e voltei para a solidão do meu quarto.


A família inteira!!!

Gracias Egídio, Rogério e amigos!

Gustavo Zelaya
Fotógrafo

Dezembro 25, 2009

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